Valor do abono em São Caetano coloca Sindicato sob suspeita
terça-feira, 21 de dezembro de 2010O valor do benefício anual recebido pelos servidores de São Caetano, aprovado na segunda semana de dezembro e que resultou em um dos mais baixos da Região, R$ 220, revoltou grande parte dos servidores e colocou o trabalho do sindicato dos trabalhadores da cidade em xeque. Na Câmara, oposicionistas cobraram explicações sobre a ausência de debate na luta por melhores benefícios, e no âmbito do funcionalismo, reações já podem ser percebidas no sentido de participar efetivamente da instituição que representa a categoria.
José Roberto de Oliveira, inspetor escolar, quase duas décadas como funcionário público em São Caetano, está empenhado em promover um clima de reviravolta na participação dos funcionários na briga por direitos e melhores condições. O primeiro objetivo de Zé Roberto, como é conhecido no ambiente de trabalho, é formar uma chapa composta exclusivamente por trabalhadores públicos, para brigar por um lugar na direção do sindicato.
“Eu penso em ser diretor do sindicato, mas isso é um plano futuro. Agora, quero formar uma chapa, buscar meios legais para participar de fato dentro do movimento sindical. Mas isso requer trabalho, e estamos começando a nos organizar. Sei de organizações que tentaram fundar um sindicato paralelo que esbarra em uma série de empecilhos. Portanto, queremos lutar por mais participação”, revelou Zé Roberto.
Ainda distante das funções sindicais, porém, o inspetor assume uma posição de risco e resolve denunciar uma suspeita de fraude na composição da diretoria do sindicato e a possível represália que tem sofrido por parte da Administração, por estar envolvido com manifestações da categoria. “Estamos colhendo nomes, meios legais para investigar a eleição do sindicato, pois suspeitamos que houve uma fraude, nenhum dos funcionários que eu conheço participou de nada, e não conhecemos ninguém de lá. Nossa desconfiança é que os diretores do sindicato estejam mais pendentes aos interesses da Prefeitura do que aos dos trabalhadores. Eu não sei se já sofri represálias pela minha postura, talvez meu recente remanejamento de local de trabalho seja uma tentativa. Mas para mim acaba sendo ótimo, quanto mais ando, mais gente conheço e trago para nossa luta que é tão importante não só para nós, quanto para os que estão por vir”, disse Zé Roberto.
Para o parlamentar petista Edgar Nóbrega, o trabalho do sindicato deixa a desejar, o que reflete nas conquistas dos trabalhadores. “Por que será que Diadema, Mauá e Santo André obtiveram benefícios bem mais significativos do que os nossos trabalhadores? Fica claro que está faltando um elemento fundamental nesta discussão sobre o abono salarial que é o sindicato. Eu pouco vejo do trabalho deles na cidade”, disse.
Gilberto Costa (PP) também cobrou mais empenho. “Falta a figura do sindicato. Tentamos fazer de tudo no âmbito Legislativo, mas sabemos que esta luta não é simples”. Até o fechamento desta edição, o sindicato não respondeu aos questionamentos do portal ABCD MAIOR.